Dos Estúdios Maurício de Sousa a sua própria revista,… Entrevista com Marcos Lopes, criador do Zé Coruja
Desde a metade dos anos 90, a Prismarte adotou e cultivou o incentivo à produção de séries. Nessa época formos apresentados por Pedro Zenival, a Marcos Lopez, que estava iniciando sua produção do Zé Coruja. Nessa mesma década, Marcos Lopes, marca sua obra participando do Especial do Q.I. (Quadrinhos Independentes) PSIU ECOLÓGICO produzido e patrocinado por Edgard Guimarães, entre outros autores de todo Brasil. Estreou com classe, numa das mais importante produção do quadrinho independente nacional.
Na Prismarte, em 2005, na edição 28, foi a estreia do Zé Coruja. No ano seguinte em 2006, ano da Copa do Mundo da Alemanha, onde reunia uma seleção de craques de todo Brasil: Antônio Eder, Eloyr Pacheco, Bira Dantas, Luciano Felix, Cedraz (já falecido – Turma do Xaxado), Lailson, Leonardo Santana, Marcio Massula Jr., Marcos Ramone, Will, Nico, e Marcos Lopez estava entre esses grandes autores.
Mas foi na Prismarte 33, em julho de 2006, que o Zé Coruja ganha sua primeira capa de história de destaque, no periódico. Nessa história “A Carta”, foi a primeira vez que Arando Luiz escreveu um roteiro sobre a série.
Coincidência ou não, interessante que o roteiro “A Carta”, de Arnaldo, é um convite da PADA ao personagem Zé Coruja para viajar para capitá (Olindopolis), sede da PADA, para assinar um contrato para ser publicado na Prismarte. Mais de 10 anos depois, Marcos Lopez e seu e o Zé Coruja, ganham uma revista própria, AS AVENTURAS DO ZÉ CORUJA. Que já tem 5 edições e 2 anos de publicação.
Nessa entrevista, Marcos Lopez vai fala de sua GRANDE JORNADA (título de uma história escrita por Arnaldo Luiz) nos quadrinhos com o Zé Coruja.
1 – COMO E QUANDO SURGIU OS PRIMEIROS TRAÇOS DO ZÉ CORUJA?
Acho que foi ainda no ano de 1986 (olha como faz tempo! KKK), eu tive a ideia de fazer um personagem infantil pois eu desenhava antigamente no estilo super heróis, mas não ficava muito legal. O desenho infantil eu “desenrolava” um pouco melhor que o clássico(embora também insistia no estilo clássico com ficção científica). Voltando ao assunto ZÉ CORUJA, eu assistia muito desenho infantil e queria também fazer aquele tipo de personagem, pensei num heroizinho bem brasileiro e mais brasileiro que um cangaceiro não existe não é? KKKKKK!!!!
2 – COMO VOCÊ CONHECEU A PADA?
Pelo que eu me lembro acho que foi através do também desenhista já consagrado o Zenival que me deu o telefone da casa de Milson. Eu acho que foi no ano de 1986 ou 1987, mas… me parece que foi um pouquinho de tempo depois de ter criado o personagem ZÉ CORUJA! Acredito que eu liguei para eles e nosso primeiro encontro foi num lugar onde o Milson, Marcos Marins e Valcir e companhia se reuniam. Num barzinho ou era um restaurante bem aconchegante chamado Viracopos, na cidade de Recife.
Era muito interessante, pois nesse point nos encontrávamos e cada um levava os seus trabalhos de desenhos e roteiros e os espalhávamos na mesinha do restaurante e no meio do bate papo ficávamos traçando planos e ideias em relação aos nossos quadrinhos e à então fanzine PRISMARTE. Puxa! Fiz uma viagem ao passado agora lembrando desses momentos. KKKK! Foi uma coisa ao mesmo tempo boêmia e divertida na época. Outra coisa: Um pouco de tempo depois desses dias eu precisei morar em São Paulo e me afastei por um tempo da turma. Depois de 5 anos retornei ao Recife e por um acaso reencontrei o pessoal da PADA através de uma prima que os conhecia. Lembrando que naquela época praticamente não existia internet e com o tempo após uns contatos esporádicos por carta quando eu estive em “sampa” perdemos o contato. Mas… quis o destino que nos reuníssemos de novo graças como eu disse à uma prima que tinha contato com eles e estou com a PADA até hoje.
3 – NOS ANOS 90, EDGARD GUIMARÃES, NÓS FEZ E LHE FEZ UM CONVITE PARA PUBLICAR NO PSIU ECOLÓGICO! A MAIOR PUBLICAÇÃO (EM TANHO NÃO TEM IGUAL) DO QUADRINHO ALTERNATIVO NACIONAL! COMO FOI SEU CONVITE E SUA PARTICIPAÇÃO?
Esse convite parece que foi feito direto já ao pessoal da PADA. A primeira menção que escutei do PSIU ECOLÓGICO foi dos próprios integrantes da PADA numa de nossas reuniões no Viracopos mas quero logo frisar que agradeço muito ao EDGARD GUIMARÃES (aproveitando aqui, mando um abração pra ele) e aos meninos da PADA por selecionarem um dos meus trabalhos para publicar nesse álbum, que diga-se de passagem ficou muito bonito depois que foi impresso! Acho que foi assim já que fazem uns 30 anos ou quase isso.
4 – QUANDO FOI A SÃO PAULO, TEVE A OPORTUNIDADE DE CONHECER OS ESTÚDIOS MAURÍCIO DE SOUSA! COMO FOI ESSA EXPERIÊNCIA?
Sim! Foi muito boa! Tudo começou com uma amizade que fiz na empresa que trabalhei em São Paulo nos anos 90. O rapaz que eu conheci lá na firma era um ex-funcionário dos estúdios Maurício de Souza e tinha visto uns desenhos meus lá na empresa e fez um contato com um amigo dele que ainda trabalhava lá e agendou uma entrevista comigo. Feito isso fui no dia marcado e junto comigo levei os meus melhores desenhos possíveis! Levei quase de tudo! Desenhos com meus personagens, alguns desenhos de heróis, da Disney e também é claro, desenhos com os personagens da turma da Mônica.\
Chegando lá fui apresentado ao rapaz que era amigo do outro que trabalhava comigo na firma! Infelizmente não lembro mais os nomes deles pois eu gostaria de citá-los aqui. Lá um outro rapaz que trabalhava no departamento de animação me mostrou um pouco como funcionava o estúdio me mostrando as instalações, como funcionava o departamento de animação, como era a fase de produção dos quadrinhos da turma, desde a fase de roteiro, rascunho, desenhos e arte-final e também como era colorizado as histórias! Deixei os meus trabalhos lá para eles avaliarem e fiquei semanas esperando ansiosamente a resposta. Mas veio um telegrama me chamando para retornar lá, mas infelizmente era só para devolver os desenhos. Eles disseram que meu estilo era mais pra Disney e me sugeriram levá-los à Editora Abril. Eu ia fazer isso semanas depois, mas eu morava lá com uns tios meus e eles precisaram vender a casa e como também fiquei desempregado precisei retornar para Recife. Mas mesmo assim valeu ter conhecido e como funcionava um grande estúdio por dentro!
5 – NA HQ “A CARTA”, ESCRITA POR ARNALDO LUIZ, MARCA A PUBLICAÇÃO DO ZÉ CORUJA, NA PRISMARTE, COM DESTAQUE DE CAPA, E COMO SEQUÊNCIA DE UMA SÉRIE.
COMO FOI ESSA VOLTA PARA PADA TENDO ESSA OPORTUNIDADE?
Pra mim foi ótimo! Essa nova fase deu um certo BOOM ao meu personagem ZÉ CORUJA! E também foi um prazer enorme voltar a ter um contato mais direto com “os meninos” da PADA e também ter os meus roteiros escritos por nada mais nada menos que o grande Arnaldo! As histórias são muito mais elaboradas e engraçadas, pois eu também tenho uns roteiros autorais, mas, os do Arnaldo são ótimos! Mas quero deixar claro aqui que não recuso roteiros de outros autores, desde que eles transmitam as mesmas coisas que o Arnaldo transmite nos roteiros dele! Já tive um roteiro de Fábio Cassiano para o ZÉ que foi muito bom também. E para concluir essa resposta, quero dizer que está sendo uma experiência ótima trabalhar com o “pessoá” da PADA/PRISMARTE.
6 – POR CONTA DE VOCÊ TER UMA DEMANDA ÍNCRIVEL DE HISTÓRIAS, EM 2016 COMEÇOU A SER PUBLICADA AS AVENTURAS DO ZÉ CORUJA, QUE COMPLETOU 01 ANO. QUAL SUA EXPECTATIVA PARA O FUTURO DA SÉRIE?
Essa demanda está sendo muito boa para mim. Foi meio que inesperado ter uma edição solo só do ZÉ CORUJA. E agora que você mencionou na pergunta já se vai um ano que ele ganhou a própria revista! Como essas coisa passam rápido! (RISOS!). A minha expectativa é que o ZÉ continue como está indo nesses últimos meses e tenho planos de desenhar aventuras dele em que ele volte às suas raízes. Tem uma nova fase de aventuras que estão no forno e em fase de produção da qual não posso falar agora mas que vão CAUSAR EFEITO. Não posso falar muita coisa agora, mas o ZÉ vai ter uma “ODISSÉIA” incrível em 2017.
7 – ESTIVERMOS NO ILUSTRA PLAZA EM JULHO, E SEM DÚVIDA A FORÇA DESTE EVENTO FOI O CONTATO COM OUTROS AUTORES E COM O PUBLICO QUE PASSOU A CONHECER A PROPOSTA BEM HUMORADA DO ZÉ CORUJA, NUMA INTERAÇÃO MUITO IMPORTANTE. PARA VOCÊ COMO FOI ESSA EXPERIÊNCIA?
Confesso que este foi o primeiro grande evento de quadrinhos da qual participei e foi muito interessante! Foi uma experiência bem diferente e que espero poder repeti-la outras vezes. Além do fato de estar entre amigos do meio quadrinhistico, além de conhecer novos artistas e os “novos” artistas, eu senti de perto o que as pessoas acham do ZÉ CORUJA! Pois é, ali eu tive contato direto com pessoas que são fãs do meu personagem. Foi muito tocante vender as revistinhas dele às crianças que vinham acompanhadas dos pais, tirar fotos com os leitores mirins e falar pessoalmente do ZÉ CORUJA e outros desenhos e como eu trabalho diretamente para as pessoas. Não vou esquecer jamais as falas das crianças quando passavam na mesa da PADA dizendo: “Olha, mãe! É o ZÉ Coruja!”. Eu realmente não esperava que a coisa estivesse nesse ponto maravilhoso! Quero aqui agradecer à agencia que organizou o evento dando oportunidade à vários artistas de exporem e venderem os seus trabalhos e também ao meu amigo Milson que me indicou para participar lá no ILUSTRA PLAZA. Quero mandar aqui o meu abraço a todos que vi lá! Que venham novos ventos e eventos.
SERVIÇO:
AS AVENTURA DO ZÉ CORUJA Nº05
24 Páginas
Capa colorida miolo em P&B
Impresso R$ 7,00 (correio incluso)
Pode ser feito o pagamento pelo Pagseguro (enviar e-mail com endereço)
Se for em Em PDF (versão colorida) R$ 2,00
Pedidos por e-mail: marcos.lopes40@hotmail.com ou conteudointerativo@gmail.com
Edições a disposição na Bookess:
2 Resultados
[…] historias escritas pelo roteirista Arnaldo Luiz e desenhada por Marcos Lopes (criador da série), todas públicas em 2020 e distribuída grátis em PDF por conta do […]
[…] em vinte anos, e negligência aos povos indígenas nunca vistos antes, com essa edição, Marcos Lopes, autor e criador da série, resgata um álbum que marcou a época do fanzine. O faneditor Edgard […]