Centenário do nascimento do artista Alceu Penna

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Desenhista inovador, mineiro era admirado por Millôr Fernandes e Walt Disney.

Quando Alceu Penna nasceu, 1915 mal havia começado. Há exatamente um século, o casal Mercedes e Christiano dava à luz, em Curvelo, na Região Central do estado, o quarto de seus 11 filhos. Aquele bebê ficaria famoso: tornou-se referência do desenho brasileiro, destacou-se na moda e era admirado por Carmen Miranda, Millôr Fernandes e Walt Disney.

Desenhista, ilustrador e figurinista, o mineiro foi um dos pioneiros dos quadrinhos no país. Em linguagem HQ, adaptou clássicos da literatura para as páginas de jornal. De 1938 a 1964, sua coluna “As garotas”, publicada na revista O Cruzeiro, fez a cabeça das jovens brasileiras ao revelar nova visão da feminilidade e do corpo da mulher. Como estilista, assinou figurinos de famosas montagens do Cassino da Urca, no Rio de Janeiro.

20150101135558439751eCriança, Alceu costumava desenhar com um giz de alfaiate nas calçadas de Curvelo. “Nos tempos de colégio interno em São João del-Rei, ele aprontava com suas ilustrações”, conta a sobrinha-neta Gabriela Penna, estudiosa da obra do tio. “Há um caso curioso daquela época: o Alceu estava desenhando mulheres nuas e os colegas, receosos, avisaram que professores estavam chegando. Ele brincou: ‘Calma, gente, na hora em que eles chegarem, as moças já estarão vestidas.’ Alceu sempre teve esse humor, essa sagacidade. Era muito interessante”, observa.

Em 2010, Gabriela lançou o livro Vamos, Garotas!, que analisa a coluna publicada em O Cruzeiro e o universo juvenil carioca dos anos 1930 a 1960. O estudo mostra como o corpo e a moda se aproximam da realidade social conservadora daquele período e de que forma se desvencilham dela em direção a um outro paradigma feminino.

“Fiquei encantada com ‘As garotas’, elas podem ser consideradas as primeiras pin-ups brasileiras. A linguagem visual era muito parecida: olhos grandes, boca carnuda e marcada, aquele contorno do corpo similar e pegada meio voyeur”, compara Gabriela. As meninas de Alceu traziam um toque sensual e, ao mesmo tempo, uma dose de recato, pois eram publicadas em revista de circulação nacional voltada para a família. “Alceu conseguia manter esse equilíbrio bem orquestrado”, frisa. Paralelamente, as belas jovens surgiam com menos roupas e maduras nas folhinhas distribuídas pela empresa Moinho Santista.

As ilustrações de “As garotas” contavam com colaborações preciosas – inclusive de Millôr Fernandes, um adolescente de 17 anos. “Ele chegou a ser arte-finalista, admirava muito o meu tio, considerava-o um gênio, um mito. No meu livro, há um depoimento muito bacana do Millôr contando como dava acabamento à coluna, mas morrendo de medo de colorir e estragar o desenho do Alceu. Era uma tremenda responsabilidade. Anos depois, Millôr se tornou um dos redatores: usava até pseudônimo”, diverte-se Gabriela. [posts_carousel title=”NOTÍCIAS RELACIONADAS” category=”HQ NOTÍCIAS” items=”5″]



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