Demolidor, dos quadrinhos para a tela
Fruto da parceria entre Marvel e Netflix, série “Demolidor” traz um tom sombrio e violento, que distingue o herói
Janelas quebradas, móveis destroçados, borrifos de sangue no chão.
Esse não é o cenário que estamos acostumados a ver em programas ou filmes baseados em heróis de quadrinhos, mas é bom se acostumar com a descrição: “Demolidor”, que estreou na sexta, na Netflix, não é uma série comum da Marvel. No apartamento de Matt Murdock (Charlie Cox), advogado cego que tem os demais sentidos ampliados e combate o crime, os destroços de uma grande luta adiantam o tom dos episódios da série – a primeira de cinco programas gerados pelo acordo entre Marvel e Netflix para trazer os heróis urbanos da editora à telinha.Nova York, EUA.
“Demolidor” é violento, realista e diferente do tom de “Os Vingadores”. “Nada é gratuito”, explica Jeph Loeb, roteirista de HQs que virou produtor da Marvel nos projetos para TV. “É uma série da Netflix e também da Marvel. Sim, é a mais ousada que já fizemos e acreditamos ser apropriada para o formato. Não é sobre violência ou sexo, é sobre realismo”. Tanto que “Demolidor” teve seus 13 episódios filmados num pequeno estúdio, onde ficam o escritório de advocacia de Murdock e de seu parceiro, Foggy Nelson (Elden Henson), seu apartamento e o hospital Metro-General, fora pontos de verdade no Brooklyn. Além disso, o uniforme vermelho tão famoso nos quadrinhos não dá as caras em grande parte da temporada. Murdock usa uma bandana preta sobre os olhos para as missões iniciais, focadas em desembaraçar um esquema de tráfico humano pela máfia russa no bairro de Hell’s Kitchen.
Ele sai à noite para lutar contra homens armados. Matt se machuca. “Muito”, diz Cox, que treinou artes marciais por um mês para a série. “Fiz o máximo de cenas até me impedirem por causa do perigo”. Mas encontrar esse tom sombrio teve seus obstáculos. Em maio de 2014, semanas antes do começo das filmagens, o criador da série, Drew Goddard, deixou o projeto para dedicar-se a “Sexteto Sinistro”, parte da franquia do Homem-Aranha, na Sony. Para seu lugar, a Netflix trouxe Steven DeKnig. “Nós três trabalhamos juntos em ‘Buffy’, e Drew sempre quis Steven no projeto, mas ele não tinha espaço na agenda. Mas tudo aconteceu para tê-lo aqui”, diz Loeb. “Drew escreveu os dois primeiros episódios, deixou a receita e só precisei cozinhar”, brinca DeKnight.
Essa receita – bastante satisfatória – segue a linha moderna do que está sendo feito em termos de televisão. Não há pressa em transformar Murdock no Demolidor e Wilson Fisk (Vincent D’Onofrio) no Rei do Crime. “A grande história de amor da primeira temporada pertence a Fisk”, diz DeKnight, influenciado pela passagem dos roteiristas Frank Miller e Brian Michal Bendis nas HQs do herói. “Há uma área cinzenta em termos morais quando falamos de heróis e vilões nesta série. Não é como nenhuma outra do gênero. ‘Demolidor’ funciona como um lado B da Marvel. Lidamos com referências realistas”, explica Loeb. [posts_carousel title=”NOTÍCIAS RELACIONADAS” category=”HQ NOTÍCIAS” items=”5″]