Eduardo Schloesser, é sem dúvida um dos mais sinceros autores dos quadrinhos brasileiros. Não me refiro em sinceridade sobre a conjuntura sempre há desejar dos quadrinhos nacionais. Mas sincero, porque ele tem um personagem que é vivo, tem vida. Para mim, autor sincero vive o personagem e o mantem, não fica trocando por outro ou se separa dele. Não se confunde, criando personagens e mais personagens que não vai conseguir administrar. O Zé gatão tem história, e Editora Atomic percebeu isso, e está fazendo esse financiamento coletivo imperdível, com histórias inéditas deste que é mais que um quadrinhista, é um grande ilustrador e professor de desenho dos mais estudados no Brasil.

São obras tem, ação, reflexão e muita aventura, que lhe envolve do começo ao fim. Uma obra de 200 páginas imperdível.

Milson Marins

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SOBRE O PERSONAGEM

Zé Gatão foi criado no final dos anos 80, mas só ganhou corpo como é conhecido em 1992, em uma história experimental nunca publicada intitulada DIA DOS NAMORADOS.

Trata-se de um universo antropomorfo (metáfora para nosso próprio mundo) onde a lei do mais forte impera, protagonizado por um felino mestiço de gato e lince lutando por sua sobrevivência.

TRAJETORIA EDITORIAL

O primeiro álbum (mais conhecido como A CIDADE DO MEDO) foi criado em 1994 e só publicado em 1997 com dinheiro do próprio autor. Na trama, Zé Gatão, cansado das metrópoles, parte sem destino em busca de solidão, mas é capturado e obrigado a lutar numa arena para deleite de uma urbe sedenta de sangue. Ao fugir da cidade ele é acompanhado pela gata Alice e pelo chimpanzé Léo Banana.

O livro seguinte é uma reunião de histórias curtas intitulado CRÔNICA DO TEMPO PERDIDO e publicado pela Via Lettera em 2003.

Em 2011 vem a público novo volume pelo grupo P.A.D.A. de Pernambuco, GRAPHIC PADA ZÉ GATÃO, onde reúnem novas narrativas curtas de cunho existencialistas, uma tiragem limitada que rapidamente esgotou e hoje é um item muito raro.

Ainda em 2011 a DEVIR lançou MEMENTO MORI, uma continuação da Cidade do Medo. No enredo, Zé Gatão e seus amigos lutam para sobreviver em meio a uma conflagração entre uma unidade das forças armadas e insetos em um deserto. Vão em seguida parar em uma zona rural dominada por tirano que comanda um grupo de mercenários que extorquem os moradores locais.
Em 2015 a Devir lança a continuação de Memento Mori chamada DAQUI PARA A ETERNIDADE onde o felino enfrenta uma maldição ancestral com graves consequências para sua alma e corpo.

ZÉ GATÃO – SIROCO se passa alguns anos após os incidentes de Daqui Para a Eternidade.

Nesta trama, o grande gato se une a um grupo de felinos proscritos que são perseguidos por um militar que reúne babuínos, hienas e cães selvagens, os animais perigosos do deserto, para caçá-los.

Ação e violência em altas doses para os fãs do felino macambúzio!

“O que temos nas HQs do Zé Gatão? Eu procuro colocar várias camadas nas histórias, ação, drama, alguma filosofia de vida, erotismo (sim, faz parte da existência) e algum humor, ainda que seja involuntário. Mas eu diria que são histórias tristes. Um conhecido meu a muitos anos atrás leu uma das minhas narrativas ainda nas folhas originais – mais especificamente a colorida PINTURA DE GUERRA – e me disse ao final da leitura: “Cara, é muito triste esta história!” Concordo com ele, e não é só aquela história, mas todas! Eu falo sobre um indivíduo solitário que nunca encontrou seu lugar no mundo, porque seu mundo, sua pátria, não é aqui. Na verdade, eu falo sobre mim mesmo.”

Eduardo Schloesser