Animais Fantásticos e Onde Habitam – Resenha do filme
Por Guilherme dos Anjos

Newt Scamander (ao centro) é o novo herói da franquia Harry Potter
Animais Fantásticos e Onde Habitam é o primeiro filme de uma grande franquia que pretende expandir o universo de Harry Potter nos cinemas, cinco anos após o fim da grande saga original. Dirigido por David Yates, que também comandou quatro dos oito antecessores da nova aventura, e escrito por J.K. Rowling, a criadora de todo o universo Harry Potter, Animais Fantásticos também conta com um grande elenco, composto por Eddie Redmayne, Katherine Waterston, Dan Fogler, Alison Sudol, Samantha Morton, Carmen Ejogo, Ezra Miller, Colin Farrell e Johnny Depp.
Nova Iorque, 1926. Cerca de setenta anos antes do início das aventuras de Harry, Ron e Hermione em Hogwarts, acompanhamos Newt Scamander (Redmayne), um magizoologista vindo da Inglaterra, a serviço de sua pesquisa e do Ministério da Magia. Ao atracar na grande cidade dos Estados Unidos, Newt se envolve acidentalmente em grandes problemas que atormentam o mundo mágico (uma suposta fera a solta e a ameaça de Gellert Grindelwald, que está iniciando uma revolução na Europa) enquanto caça as lendárias Relíquias da Morte e enfrenta o medo da exposição, não só pelo que já foi citado, como também da Nova Salem (uma espécie de orfanato que almeja a volta da caça às bruxas).

Newt Scamander em ação
J.K. Rowling faz sua estreia como roteirista de cinema e consegue transmitir ao público o que fez de melhor na franquia Harry Potter. O ponto alto do filme é justamente o que a autora sabe fazer de melhor: Os personagens. Todos os personagens do filme foram brilhantemente desenvolvidos e interpretados com maestria por todo o elenco, com ênfase em Redmayne e Miller (o último roubando a cena sempre que aparece em tela). Newt Scamander é um inesperado herói, que se mostra como um excêntrico e reservado estudioso das criaturas mágicas, que cativa o público a cada demonstração de afeto com os animais. No elenco de apoio, as irmãs Goldstein, Tina (Waterston) e Queenie (Sudol), trazem parte do movimento da trama, a primeira sendo uma ex auror que tenta voltar ao cargo através de Newt e a segunda, a que revela ao espectador segredos e desejos dos personagens, graças a suas habilidades de leitura de mentes. O alívio cômico fica com Jacob Kowalski (Fogler), que é a interpretação do espectador nas telonas, sempre impressionado pelas maravilhas da magia. No núcleo sombrio, temos a presença de Credence (Miller), um jovem contido que é abusado constantemente na Nova Salem, e Percival Graves, um ameaçador e habilidoso auror da MACUSA (Congresso Mágico dos Estados Unidos da América), que possui objetivos e segredos obscuros, além de perseguir Newt e seus amigos, assumindo o papel de antagonista da trama.

Credence e Percival Graves fazem parte do núcleo “sombrio” do filme
O filme também faz jus ao seu nome, tendo os animais fantásticos como grandes atrações, em especial os adoráveis Pelucio e Tronquilho, o astuto Rapinomônio e o imponente Thunderbird, tendo grande importância na trama e no desenvolvimento da personalidade de Newt (além de criar os mais divertidos momentos do longa). Rowling também mostra que está realmente disposta a expandir seu universo quando cria o Obscurus, um ser das trevas criado a partir de crianças que reprimem sua magia, que já está entre as maiores teorias criadas pelos fãs da saga e que certamente terá um maior desenvolvimento ao longo da franquia. Os recursos visuais usados pelo diretor David Yates são impecáveis, trazendo os seres místicos para a realidade com maestria. A ambientação e o figurino também são grandes atrativos do filme, se encaixando perfeitamente com a época retratada. A trilha sonora não poderia estar melhor. Trazendo um misto de nostalgia com inovação, as composições do longa ajudam o público a sentir a magia novamente.

Newt com o thunderbird, criado especialmente para o filme
No entanto, o filme não se salva de todos os erros. O diretor parece ter dificuldade em acertar um ritmo que acompanhe o detalhado roteiro de Rowling. O tom do filme é oscilante, variando entre sequencias divertidas e de tirar o fôlego, com momentos tensos e macabros, o que não é um ponto negativo até os momentos finais do filme, onde piadas mal encaixadas se tornam um momento de pequena vergonha alheia. A participação de Johnny Depp também é uma das poucas falhas presentes no filme. Gellert Grindelwald (Depp) é uma ameaça presente durante toda a trama, mas só se apresenta nas telas em uma curta apresentação, que, assim como o controverso Coringa de Jared Leto em Esquadrão Suicida, não teve tempo de se provar na atuação e mostrou a pior caracterização de toda a franquia Harry Potter.

Newt e “Tina” Goldstein sabem que também há problemas
No geral, Animais Fantásticos e Onde Habitam acerta muito mais do que erra. É um filme que mostra o crescimento do mundo da magia, fator sempre presente na franquia original, ao apresentar um filme essencialmente sobre diferenças, exclusão e maus tratos (coisa que já é trabalhada na saga há anos). O longa é o ponto de partida para uma nova série ambientada no maravilhoso mundo de Rowling e deve ser assistido por todo o grande público, que, se já gostava, vai se sentir em casa e, para os que se sequer conhecia a mitologia de Harry Potter, mergulhará de cabeça no universo mágico.

Newt e Jacob aprovaram o filme

Guilherme dos Anjos é fã de quadrinhos, cinema e cultura pop em geral e já gravou alguns videos para o youtube comentando sobre estes assuntos.