Entrevista com o ilustrador e quadrinhista, o contador de histórias, RAFAEL ANDERSON

Divulgue nas mídias sociais

RAFAEL ANDERSON que é QUADRINISTA e ILUSTRADOR pernambucano que trabalhou na FOLHA DE PERNAMBUCO até 2013 e depois no DIÁRIO DE PERNAMBUCO até 2015, e hoje presta serviços free lancer. Participou da RAGU CORDEL (Rafael editou a revista em quadrinhos XORUME. Rafael Anderson ficou em primeiro lugar na categoria história em quadrinhos no tradicional XX SALÃO DE DESENHO PARA A IMPRENSA.
Em 2008 participou, entre outros autores, da edição A HQ LUTO (134 páginas/Peba Publicações) aborda as guerras de família e a política no sertão pernambucano no início do século passado. Em 2016, gentilmente colaborou com a capa da edição das AS AVENTURAS DO ZÉ CORUJA #2. Em 2017 lançou a primeira webcomic interativa, em Pernambuco, com participação dos leitores com premiações, GO PANDA.

No ano passado, em 2020, participou da edição das AS AVENTURAS DO ZÉ CORUJA #13, com as tiras dos seus personagens, MAX & BILL que foram incialmente publicado na edição infantil do DIÁRINHO, do DIÁRIO DE PERNAMBUCO em 2014.

Versátil e com muito estilo, RAFAEL, nessa entrevista comenta sobre sua dedicação aos quadrinhos, suas inspirações na ilustração e a responsabilidade social ao produzir entretenimento.

Aqui é só um pouco de RAFAEL ANDERSON, na entrevista abaixo você vai conhecer um pouco mais sobre esse incansável e apaixonado autor.

O QUE LHE MOTIVA A FAZER QUADRINHOS?

Eu acredito que o ato de criar histórias. Sempre me vi mais como um contador de histórias do que qualquer outra coisa. Embora trabalhe como ilustrador a maior parte do tempo, o meu desenho sempre esteve ligado à minha necessidade primária de me expressar através de narrativas. Desde a minha mais tenra lembrança, a criação de aventuras e mundos sempre esteve entre minhas atividades habituais.

As hqs foram o meio ideal para suprir as necessidade de uma criança como eu.

Após descobrir a coleção de quadrinhos da minha mãe e me alfabetizar antes do período escolar apenas para consumi-las, não consegui mais parar de ler e produzir minhas próprias histórias.

QUAIS OS AUTORES INTERNACIONAIS, NACIONAIS E PERNAMBUCANOS QUE MAIS LHE INSPIRAM A FAZER QUADRINHOS?

Esta é uma pergunta muito difícil para mim. Consumo diversos gêneros de hqs e admiro as diversas escolas. Mas posso dizer que os autores que mais acompanho são os que possuem trabalhos autorais tanto no desenho quanto na maneira de contar uma história. Neste sentido, sou muito fã de autores como Sergio Toppi, Dino Battaglia, Will Eisner, Frank Miller, Jorge Zaffino, Bernie Krigstein, Moebius, Katsuhiro Otomo, Massamune Shirow, Miguelanxo Prado, Tsutomu Nihei, Hiroaki Samura, Kasuo Koike & Goseki Kojima, Ashley Wood, Carlos Nine, Richard Corben, Wally Wood, Alex Toth, Winsor Mccay, Liberatore, Alex Raymond e muitos outros a quem devemos a evolução da linguagem.

Dos nacionais, para mim, o maior desenhista que o país já produziu foi o J. Carlos. Um verdadeiro gênio.
Gosto também do Colin (especificamente a fase dele no fim da Grafipar), as hqs de samurai do Shimamoto e as de Sci-Fi do Mozart Couto.

Dos Pernambucanos, admiro vários amigos próximos. Como o vocês da P.A.D.A que publicam por puro amor à arte, com todas as dificuldades e muito além dos modismos. Isto já é digno de toda a admiração e respeito.

AS TIRAS DE QUADRINHOS DO MAX & BILL SÃO UMA VIAGEM AO UNIVERSO INFANTIL. COMO FOI O PROCESSO DE CRIAÇÃO DOS PERSONAGENS?

Em outubro de 2014 eu trabalhava no departamento de arte do Diário de Pernambuco.

Quando o suplemento infantil do jornal (o Diarinho ) passou por uma reformulação, a nova editora do caderno me convidou para criar algumas coisas para essa nova fase, incluindo entre elas uma tirinha.

Aceitei o convite de muito bom grado, uma vez que cresci lendo as tiras dos jornais. Foi a realização de um sonho

A minha ideia inicial com este trabalho, era fugir do estereótipo bastante recorrente de muitas tiras infantis, que possuem como protagonistas, crianças que agem como “mini-adultos.”

As aventuras de Max &  Bill vem na contramão disto. O protagonista é um gênio, porém age como um garoto da sua idade deveria agir: Imaginativo, esperançoso e feliz.

Por isso deixei a critério do leitor, entender se todos as aventuras realmente acontecem ou se tudo não passa da imaginação do Max.

A ideia é que os leitores mirins se identificassem com as aspirações do personagem e os adultos lembrassem como é bom sonhar.


ACREDITO-SE QUE AUTORES COMO HAL FOSTER, VIVENCIAVA SUA OBRA, O PRINCIPE VALENTE É UM EXEMPLO, PORQUE QUE ELE PARECIA TER VIDA PRÓPRIA. VOCÊ ACREDITA QUE O ROTEIRISTA E O DESENHISTA PRECISAM DE UMA CONSCIÊNCIA E INTERPRETAÇÃO DO PERSONAGEM? ISSO É PRECISO PARA SER TER UMA OBRA, MAIS CONVICENTE?

Com toda a certeza. Desenvolver bem a personalidade dos personagens, além de deixar a história mais factível para o leitor, facilita bastante na hora de desenvolver o enredo e tornar natural os rumos que a história deve segu

VOCÊ ACREDITA E PRATICA A RESPONSABILIDADE SOCIAL DO AUTOR NAS SUAS OBRA?

Eu acho o termo “Responsabilidade Social” algo um pouco delicado. Pois se o autor não souber lidar com isto da maneira certa, pode acabar preso a tendências que limitem a sua criatividade. Obviamente eu acredito que o criador da obra é responsável pelo discurso do seu trabalho e que é muito difícil desvincular ele da sua visão de mundo, exceto em trabalhos extremamente comerciais como a publicidade.

No meu caso, quando faço trabalhos para o público infantil, tenho total preocupação em passar bons valores vinculados ao entretenimento, valores estes, que ajudem os pais na formação do público leitor.

Já nos trabalhos para o público adulto, meu foco maior é o entretenimento, porém obviamente acabo deixando passar minha visão de mundo, porém este nunca é o foco principal.

Em ambos os casos minha maior preocupação é entregar uma história que faça o leitor, nem que seja por um momento, um pouco mais feliz ou reflexivo.


QUAL(IS) O GÊNEROS DE QUADRINHOS QUE MAIS LHE APRAZ?

Gosto muito do gênero de Ficção cientifica, tantos nas hqs quanto em outras mídias e tenho um carinho muito grande pelo infantil e o humor.

QUAIS SEUS PLANOS PARA PRODUÇÃO DE QUADRINHOS PARA OS PRÓXIMOS ANOS?

Nos últimos anos me dediquei mais à literatura infantil e ao trabalho de concept art. Assim, acabei me afastando dos quadrinhos. Este ano pretendo voltar a produzir paralelamente aos outros trabalhos.

Se o tempo permitir, quero dar seguimento a uns projetos de hqs de ficção científica e uns trabalhos com tirinhas humorísticas. E com a republicação das tiras originais, quem sabe um retorno do Bill & Max também? Vamos ver o que o futuro nos reserva.


Você pode gostar...