Maurício de Sousa declara: “Eu e o Stan Lee temos coisas em comum”
Falámos com Maurício de Sousa, o criador da Turma da Mônica, sobre a amizade com Stan Lee, o acordo ortográfico e a BD em 2018. “Vou fazer mais a ponte entre o Brasil e Portugal”, prometeu.
Maurício de Sousa quase que dispensa apresentações. O criador da Turma da Mônica (sim, com acento circunflexo, como no Brasil) é um dos grandes nomes que marca presença na Comic Con Portugal. O cartoonista de 82 anos, desde 1959 criou personagens que marcaram gerações nos ‘gibis’, como Cebolinha, Cascão, Magali, Chico Bento ou o cão azul Bidu. Numa curta entrevista, perguntámos, entre outras questões, se Stan Lee (criador do homem-aranha e antigo editor chefe da Marvel) é o Maurício de Sousa Americano, ou se Maurício é o Stan Lee brasileiro. “Acho que temos coisas em comum, sim”, respondeu.
Da mesma forma que as aventuras de homem-aranha ou homem-de-ferro cativaram muitos nos Estados Unidos, Maurício de Sousa, com as peripécias da “Turma da Mônica”, marcou desde miúdos a graúdos em Portugal e no Brasil. Contudo, houve “vitórias e derrotas, momentos difíceis e momentos de glória”, revelou durante a conversa. “O desenhista, o artista, passa por esses períodos todos, só que alguns mantém-se um pouco mais, outros um pouco menos”, continuou. Com quase 60 anos de carreira, assume: “Tento-me manter com a cabeça para fora da água, respirando bem, e com força para continuar mandando. Estamos conseguindo isso”.
As histórias da ‘turminha’, como apelidada nas bandas-desenhadas, continuam a chegar a milhões de pessoas em todo o mundo. Apesar de, em 1998, ter o site “mais acessado do Brasil, com 140 mil visitantes”, como contava em entrevista nos 35 anos da Mônica, agora “já se passou muito tempo dessa fase do início da Internet”. Não há planos infalíveis, como o Cebolinha gosta de ‘bolar’ para roubar o coelhinho da garota ‘dentuça’ e ‘baixinha’, mas o cartoonista deixou dicas: “Temos de nos adaptar às novas tecnologias, às novas plataformas de comunicação para continuarmos contado, de outras maneiras tecnológicas, as histórias de que todo o mundo gostou a vida inteira”.
Em 1998 a aposta podia ser na ‘Mônica multimédia’, mas era também na globalização. 20 anos depois, a Magali continua glutona e esta forma de contar as histórias das personagens da Turma “é um sucesso na Rússia, no México, no Brasil, no Japão”, afirma ainda. Além disso, a Maurício de Sousa Produções prepara-se para lançar o primeiro filme com pessoas reais das personagens dos gibis. E até já tem primeiro trailer, apesar de o filme só sair em 2019. Mas sobre isso, não houve tempo para Maurício revelar mais novidades.
Fonte: https://observador.pt/2018/09/08