Sobrevivente do Bataclan conta drama em história em quadrinhos

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“Em um instante não éramos mais que uma massa de vivos, feridos, mortos, uma massa de medo gritando de terror”. Em um relato em quadrinhos, o artista gráfico Fred Dewild descreve o momento em que terroristas invadiram a tradicional casa de shows Bataclan, em Paris, em 13 de novembro de 2015, durante um show de rock, e começaram a disparar.

bataclan_4Fred Dewild, que é um pseudônimo escolhido pelo autor, faz um relato impactante de como escapou ao ataque no livro “Mon Bataclan” (Lemieux Éditeur), lançado em Paris, em outubro. A angústia do momento fica ainda mais profunda com seus traços precisos e muito fortes. Os terroristas fortemente armados – três franceses que estiveram na Síria – têm o rosto de uma caveira.

É o quadrinho autora, desta vez, no mais auto realismo. Bem visceral. Porque não tem apelo comercial, mas de alerta e cheio de sentimentos.

Da alegria do show da banda americana Eagles of Death Metal ao momento em que ele se dá conta de que ainda estava vivo entre as dezenas de vítimas dos disparos. Dewild conta que, estendido no chão, ele ficou entre um homem com o tornozelo quebrado e uma jovem que teria idade para ser sua filha. Todos completamente banhados de sangue. O som dos disparos indicava que os integrantes do Estado Islâmico também foram para a parte superior da tradicional casa de espetáculos.

Fingindo-se de mortos para escapar, ele afirma que “cada batimento do coração é uma vitória, cada segundo era uma ponta de vida, uma dose de esperança”.  Após a explosão, um pedaço de carne humana cai no braço da nova colega. No meio da tragédia, uma dose de humanidade: houve até quem tentasse descontrair mencionando uma piada. São os relatos que esta nessa obra inédita.

A narrativa se revela aos poucos um profundo mergulho na psicologia de uma pessoa que passou por uma situação de estresse. “Bem-vindo à terra do trauma”, ironiza. Ele relata a  dificuldade de concentração, a falta de apetite, desorganização mental e as oscilações de humor. “Não compreendo mais como faço para sorrir para contar piadas”.

Apesar dos esforços, seis meses depois, ele seguia se assustando com barulhos comuns. “Continuo uma pilha, em alta-voltagem, reagindo ao extremo.” Estranhamente, ele constata que parecia ter mais medo meses depois do ataque que no momento em que estava na casa de espetáculos.

Foi através do desenho que ele registrou emoções fortes que não conseguia narrar. Seu relato talvez se torne mais corajoso já que sua identidade está protegida pelo pseudônimo. No texto, ele revela apenas ser casado e pai. O jornal “Le Parisien” afirma que ele tem 49 anos e vive Issy-les-Moulineaux, em Hauts-de-Seine.

Para quem não lembra o ataque ao Bataclan deixou mais de 80 mortos e faz parte de uma série de atentados coordenados que deixaram mais cerca de 50 mortos e centenas de feridos no Stade de France, em Saint Denis, e em restaurantes e cafés parisienses. Mais de 400 pessoas ficaram feridas, 20 das quais seguem hospitalizadas, enquanto outras 600 seguem recebendo ajuda psicológica, segundo a France Presse.

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